**
Operações do Ministério do Trabalho, PRF, Ministério Público do Trabalho, e Polícia Federal, resgataram mais de 300 trabalhadores rurais em condições análogas a de escravo nos estados de Goiás e Rio Grande do Sul, nesse mês de fevereiro. No município de Bento Gonçalves-RS, os empregados foram resgatados em três vinícolas da região da Serra Gaúcha. Segundo informações do grupo de combate ao trabalho escravo (formados pelos auditores fiscais e policiais), as condições de trabalho eram extremamente insalubres. Os alojamentos destinado aos trabalhadores precários, má conservação do local, higiene precária e alimentação podre destinada aos trabalhadores rurais
A Federação dos Trabalhadores Assalariados e Assalariadas Rurais no Rio Grande do Sul (FETAR-RS), disse em nota: “…indignação e repúdio pelos recentes acontecimentos envolvendo empresas e empregadores de Bento Gonçalves durante a operação conjunta da Polícia Federal, Polícia Rodoviária Federal, Ministério Público do Trabalho e Ministério do Trabalho e Emprego que resgataram mais de 180 trabalhadores encontrados em condição análoga a de escravidão”. Segundo levantamento e auto de infração dos auditores do trabalho, na região da Serra Gaúcha foi constatado que os empregados trabalhavam mais de 15 horas diárias (5h às 20h), flagrado também a falta do salário digno e descontos ilegais nas remunerações: a comida era cobrada além do permitido em lei e também seus EPIs. Os trabalhadores eram obrigados a ficar no trabalho não podendo pedir demissão, pois havia a cobrança de dívidas. O presidente da CONTAR, Gabriel Bezerra, manifestou sua indignação com a situação dos empregados do sul do país. “Isso tudo são brechas da legislação trabalhista, a flexibilização da reforma trabalhista e a ganância dos empregadores. Nós não vamos aceitar mais essa situação. Trabalho escravo, nunca”, reclamou o dirigente.
Em Goiás 139 trabalhadores foram resgatados no plantio de cana
Ainda no mês de fevereiro, outra operação do Grupo de Combate ao Trabalho escravo, que agiu no município de Acreúna-GO, em uma fazenda de plantação de cana-de-açúcar, e resgatou 139 na propriedade rural do município. Os empregados são migrantes dos estados do Piauí, Bahia, Maranhão e Pernambuco, e por meio dos chamados “gatos”, que são aliciadores de mão de obra e que muitas vezes fazem promessas de contratação, mas enganam os empregados. Segundo relatos foi prometido que receberiam salário por produção, o que poderia render de R$ 2 mil a R$ 5 mil mensais. Porém, no local, ganhavam apenas o valor correspondente a uma diária, além de terem de pagar pela alimentação e pelas passagens dos ônibus que os trouxeram de outros estados. O presidente da FETAERGO, Paulo Célio, afirmou que as entidades sindicais tem denunciado, fiscalizado e combatido essa prática de trabalho informal que torna-se precário e análogo a trabalho escravo.
A CONTAR acompanha todas as ações das Federações e Sindicatos, e reafirma a posição do movimento sindical no combate ao trabalho escravo. “Os auditores fiscais do trabalho atuam dentro da lei para garantir nossos direitos, mas há um número reduzido desses servidores. Por isso defendemos mais recursos para esse setor de fiscalização e concursos público para fiscais do trabalho”, afirma Gabriel Bezerra. O dirigente da CONTAR afirma ainda que: “O mundo do trabalho está degradado, nós somos a força principal de geração de riqueza no país, alimentando a população, gerando combustíveis e somos tratados como escravos” disse Gabriel Bezerra. O movimento sindical dos assalariados e assalariadas rurais, continuará denunciando as violações de direitos trabalhistas, e orientando os trabalhadores assalariados e assalariadas rurais, para garantia dos direitos e dignidade humana.
Com informações e fotos do MPT.