O segundo dia do Encontro Regional das Assalariadas Rurais trouxe debates sobre violências e empreendedorismo feminino. A delegada Ângela Santos falou sobre “Enfretamento a violência contra as mulheres em suas múltiplas formas”. Ao falar de sua trajetória, Ângela compartilhou sobre os desafios de exercer uma profissão considerada masculina e o processo terapêutico de recuperar e valorizar suas características femininas e colocá-las em sua atuação profissional.
A delegada destacou a importância de validar o feminino na sociedade, principalmente quando as diversas violências de gênero são consequência da prática social que coloca os homens no centro das decisões de poder. As participantes também compartilharam suas histórias e a delegada incentivou que as mulheres denunciem todo tipo de violência, inclusive a violência institucional – dentro de sindicatos, por exemplo.
Na parte da tarde, as representantes do Banco do Brasil Fernanda Figueiroa, Camila Taguatinga e Márcia Campos falaram sobre “Empreendedorismo: Projetos para Mulheres” e as participantes compartilharam os desafios para pegar crédito, os preconceitos enfrentados pelas assalariadas tanto pelas baixas remunerações quanto pelo preconceito enfrentado nas agências. As participantes destacaram a invisibilidade das assalariadas rurais diante do sistema bancário brasileiro.
Fernanda Figueiroa destacou que o Banco do Brasil oferece cursos gratuitos e as participantes lembraram do Programa Minha Casa Minha Vida (MCMV) modalidade Entidades, que tem por finalidade a concessão de financiamento subsidiado a famílias organizadas por meio de entidades privadas sem fins lucrativos para produção de unidades habitacionais urbanas e rurais, com recursos do Fundo de Desenvolvimento Social (FDS).
O público-alvo são famílias com renda mensal familiar de até R$ 2.640,00, organizadas sob a forma associativa, sendo admitido, para até 10% das famílias atendidas em cada empreendimento, que a renda mensal bruta seja limitada a R$ 4.400,00. A representante do banco se comprometeu a oferecer mentorias e fornecer mais informações sobre as linhas crédito voltadas para o público assalariado rural.
Outro tema levantado foi a necessidade de ações fortes do banco contra empresas que praticam a informalidade e outros descumprimentos de legislações trabalhistas e trabalho escravo, por exemplo. Muitas vezes,a s empresas utilizam CNPJs “limpos” para ter contas e créditos, cometendo infrações por meio de outros CNPJs. As representantes do banco indicaram a importância de que os sindicatos utilizem o Canal de Denúncia do Banco de Brasil para avisar sobre as empresas que cometem infrações contra os direitos trabalhistas. “O banco tem o dever de acabar com os contratos com empresas que não cumpram a legislação”, afirmou Fernanda Figueroa.
“As trocas de conhecimento e experiências entre as mulheres fortalecem nossa luta, porque os desafios são muito semelhantes, mas cada uma traz práticas que acrescentam. Esse é um espaço de acolhimento e de escuta, onde as mulheres se sentem à vontade para expor seus desafios mas também seus planos e ideias.Além disso, nos sentimos realmente ouvdas pelas palestrantes que vieram neste encontro”, afirma a secretária de Gênero e Geração da CONTAR, Samara Souza.