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Encontro Regional de Assalariadas Rurais reúne dirigentes em Brasília

10 de outubro é o Dia Nacional de Luta contra a Violência à Mulher e também o primeiro dia do Encontro Regional das Assalariadas Rurais. Esse primeiro dia trouxe muito conhecimento e trocas de experiências sobre violências, direitos trabalhistas e humanos. O evento é parte de projeto da CONTAR realizado com a entidade sindical alemã DGB Bildungswerk.

A palestra sobre “Coleta de evidências de violações de Direitos Humanos”, pela integrante da Comissão Pastoral da Terra (CPT) Renata Albuquerque. “O capital, representados pelas empresas e pelo mercado, explora nossa força de trabalho, transforma os(as) trabalhadores(as) em mercadoria.Nós mulheres sofremos ainda mais camadas de violências em nosso cotidiano: no trabalho e por ser mulher em um mundo patriarcal que não valoriza a ação das mulheres na sociedade”, explicou a palestrante.

As mulheres partilharam as principais questões enfrentadas por elas mesmas e por outras trabalhadoras. As principais são a diferença salarial ao exercer as mesmas funções – que é um crime, pois contraria a Constituição Federal e a também a Lei 14.611/2023, também conhecida como Lei da Igualdade Salarial. As mulheres também apontaram as jornadas exaustivas e a dupla jornada, nas empresas e também nos trabalhos domésticos, os baixos salários e o assédio moral.

A integrante da CPT apontou que a coleta de evidências é uma importante estratégia para fortalecer o sindicato no combate a essas violências. “A primeira medida é reconhecer as violências cometidas contra as mulheres e se organizar para combatê-las. Por isso, é urgente sair de trás da mesa e ir para o campo, junto aos trabalhadores(as), para dialogar com mulheres e homens sobre essas questões”, afirma Renata Albuquerque.

A integrante da Campanha Permanente contra os Agrotóxicos e pela Vida, Alice Resadori, participou de maneira virtual e trouxe informações cruciais para a garantia da saúde e segurança das trabalhadoras e trabalhadores assalariados, como a urgência de lutarmos contra a pulverização aérea e pela cobrança de impostos das empresas que produzem e comercializam agrotóxicos. Em 2023, por exemplo, o governo brasilerio deixou de arrecadar R$ 5,9 bilhões, recurso que poderia ser utilizado para investir em formas sustentáveis de produção e na saúde da população, por exemplo.

A especialista também aponta que entre os anos 2019 e 2022 foram liberados o uso mais de 2.182l tipos de veneno no Brasil, substâncias tão tóxicas que foram proibidas em outros países como a União Europeia e Estados Unidos. “Porque o governo permitiu a entrada em nosso país dessas substâncias? Será que somos menos humanos que as pessoas de outros países?”, questionou Resadori.

A integrante indica denúncias coletivas com sindicatos, associações, coletivas, apresentar provas e coletar dados. Temos um modelo de ofício no site da Campanha. https://contraosagrotoxicos.org/como-denunciar/

A militante da Escola Quilombo dos Palmares, Joana Santos, falou sobre Empoderamento e Liderança feminina: Comunicação para o movimento sindical. Foi um momento potente de  busca por soluções como formação e construção de políticas públicas. “Um dos caminhos para a mudança é a divisão dos trabalhos domésticos, quando a gente ensina nossos filhos homens que eles também são responsáveis pelos trabalhos de cuidado”, afirma Joana Santos. “Toda vez que a gente se junta para falar das nossas vidas e estamos em um ambiente de escuta, estamos nos fortalecendo para enfrentar os desafios de uma sociedade machista e patriarcal”, continua Joana Santos.

“Um dos caminhos para a mudança é a divisão dos trabalhos domésticos, quando a gente ensina nossos filhos homens que eles também são responsáveis pelos trabalhos de cuidado”, afirma Joana Santos.

A assessora do Ministério do Trabalho e Emprego, Anatalina Lourenço, falou sobre “Mais Mulheres no poder: Guia eleitoral para candidaturas femininas negras, e os desafios para as próximas eleições”. “É preciso ocupar os espaços de decisão e de poder, como as direções dos partidos, estar nos espaços em que podemos controlar o orçamento”, afirmou Anatalina.

A vice-presidente no DF da União Brasileira de Mulheres (UBM-DF) e assessora na secretaria executiva do Ministério do Desenvolvimento Social (MDS), Juliana Krause, falou sobre “Igualdade de gênero e os desafios enfrentados pelas mulheres na luta por direitos iguais”.

Para Juliana, votar em mulheres e fazer um pacto contra a extrema direita são ações fundamentais para defender os direitos das mulheres. Além disso, para as mulheres rurais, Juliana reflete que uma luta importante seria a da diminuição da carga horária e também fomentos públicos para incentivar o trabalho feminino no campo.