Enquanto assalariados e assalariadas estavam nas ruas de Porto Alegre, fiscais resgatam trabalhadores escravo no setor do arroz
No dia de manifestação contra o TRABALHO ESCRAVO que mobilizou entidades sindicais em Porto Alegre, nesta sexta-feira, 10, uma operação conjunta entre a Polícia Federal, Ministério Público do Trabalho, a Gerência Regional do Trabalho resgatou, 56 trabalhadores em condições análogas à escravidão em duas fazendas de arroz no município de Uruguaiana-RS (650 Km da capital). Segundo dados da fiscalização do trabalho, este é o maior resgate já registrado em Uruguaiana. O presidente do Sindicato Trabalhadores Assalariados e Assalariadas Rurais de Uruguaiana, Olíbio de Freitas, estava na sexta-feira, participando do ato público de combate ao trabalho escravo, quando a operação do Grupo Móvel de Fiscalização resgatou os trabalhadores em Uruguaiana. “Nós estamos dizendo sempre; se aumentar a fiscalização,VAI acabar com essa chaga que é o trabalho escravo. Estamos agindo e acompanhando os nossos trabalhadores, mas precisamos da mão forte da fiscalização para coibir e acabar com essa exploração”, denunciou Olíbio de Freitas.
Dos resgatados na operação em Uruguaiana-RS, todos homens, 10 eram adolescentes com idades entre 14 e 17 anos. Eles trabalhavam fazendo o corte manual do arroz vermelho e a aplicação de agrotóxicos, sem equipamentos de proteção, e chegavam a andar jornadas extenuantes antes mesmo de chegarem à frente de trabalho, segundo informações dos auditores fiscais que participaram da operação. Além dos menores, havia adultos em situação análoga à escravidão. Comida estragada, sem equipamentos de segurança para aplicação de veneno na plantação, longas distâncias percorridas e sem registro profissional, foram algumas constatações feitas pelos fiscais em duas fazendas no município de Uruguaiana. O empregador foi preso pela Polícia Federal e os trabalhadores serão indenizados, segundo os auditores do trabalho.
“Nós estamos expostos as piores situações. Vamos avançar nas denúncias e exigirmos mais fiscalização no campo. A cada momento uma cadeia produtiva se mostra como escravagista, o caso das vinícolas foi apenas uma amostra, mas agora com a cadeia do arroz, o café tá piorando a situação de trabalho precário e escravo, mas nós estamos vigilantes e reforçando a necessidade de mais fiscais do trabalho para acabarmos com o trabalho escravo”, afirmou Gabriel Bezerra, presidente da CONTAR. A direção da entidade continua no sul do país, para acompanhar e denunciar situações de trabalho escravo. Segundo Gabriel Bezerra, a CONTAR, Federações e Sindicatos, vão iniciar uma jornada no país, para denunciar as situações de trabalho nas cadeias produtivas do café, cana de açúcar, pecuária e fruticultura.
FOTOS – Grupo Móvel